segunda-feira, 25 de junho de 2012

Corrosão frente a TV





(...) com todos os cidadãos do mundo num futuro quase hoje (ou será que foi ontem?), conectados; os plugs ligados, a TV transmitindo aquela realidade caricata em forma de holograma. É assim que funciona nesses tempos de alta tecnologia, massificação e pós- globalização.


     Eles estão assistindo a um programa tolo, alguns dizem que aquilo é entretenimento. Muitos se divertem de uma forma barata (mas custa tão caro regenerar o que ela pode causar) e poucos lucram com este veneno. Peitos, Bundas e desgraça alheia... O que mais você quer pra descansar?
    Esta é nossa diversão: de um lado, seres solitários num quarto sujo; do outro lado, um auditório de marionetes. A rua é perigosa, diz um homem obeso entre esses dois paralelos. A rua é perigosa e fique aqui comigo. Alguns fazem de forma tão sistémica o “assistir à tv” que podemos classificar como uma espécie de ritual ou até mesmo uma religião. Louvado seja MEU controle remoto.
   Uma lenda urbana conta que um rapaz resolveu mudar as coisas, foi até a central televisiva ver como tudo funcionava. Ligou as gambiarras erradas e a programação começou a se modificar para uma coisa um pouco mais instigante e fomentadora de pensamentos próprios e dúvidas que poderiam gerar boas respostas. Por uma mera piada do destino, a central conseguiu rastrear o pobre hacker. Eles entraram (pelos plugs) na cabeça do menino e nesse maldito instante a corrosão se inicia. Não há defesas e a consciência dele foi transferida para o cyber espaço. Azar o dele? Errado! Azar o Nosso.
     Alguns dizem que estávamos a um passo da liberdade mental quando aconteceu o eclipse; nossa mente ficou turva perante as correntes informeciais. Aquele Kara que iria mudar o mundo foi o primeiro a fritar perante a experiência; ele hoje não passa de um vírus, de um produto, de um conceito usado para corroer os outros. Tudo que ele conseguiu tentando nos salvar foi acelerar o processo.
     A cólera que esta lá, a corrosão mental que está por todo lugar... Será que são homens como a gente que controlam tudo atrás dos muros? Será que é alguém igual a mim teria a humanidade de me escravizar? Esse é nosso “daqui a pouco”, se continuar nossa dependência patológica frente à TV.
Obs: Desligue o monitor e faça uma festa na praça


Texto: Tiago Malta
Revisão: Alan Costa